Em uma escola bilíngue se aprende tudo em dobro?

Durante 7 anos eu fui professora da IENH e meus amigos sempre me perguntavam como funcionavam as aulas. Eles queriam saber se tudo que a professora ensinava em português, eu como teacher ensinava novamente em inglês. Hoje, eu sigo respondendo essa pergunta tanto para famílias que se interessam por bilinguismo e querem saber como funcionam as aulas da IENH, como também para professores e teachers que estão estudando para atuar em uma escola bilíngue.

“As professoras planejam juntas, e pensam juntas em como contemplar os conhecimentos que estão previstos para cada série/ano e como que podem realizar as propostas nas duas línguas”.

Então, escola bilíngue ensina tudo em dobro?

Não, a gente não ensina tudo duas vezes. Uma escola bilíngue possui um currículo, um planejamento integrado. Ou seja, as professoras planejam juntas, e pensam juntas em como contemplar os conhecimentos que estão previstos para cada série/ano e como que podem realizar as propostas nas duas línguas. Por isso que sempre reforçamos que em uma escola bilíngue não há perda e sim ganhos. Uma escola bilíngue não “tira” períodos de matérias para incluir o inglês. A língua alvo, a língua adicional, vem para somar na educação desses alunos.


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Tá, mas como isso funciona? Pode dar um exemplo?

Claro, vou mostrar para vocês um exemplo muito legal que aconteceu na turma do meu filho, que está no 2º ano. A turma dele estava estudando sobre as flores, sobre frutos, sobre plantas, sobre o processo de germinação. Eles estudaram as partes de uma planta (raiz, caule, folhas, frutos). Fizeram diferentes atividades para entender as partes de uma planta, que plantas podemos comer, quais partes dessas plantas podem ser ingeridas, quais são frutas, quais são vegetais, quais são flores.

“Eram atividades diferentes, mas todas complementares.”

Ao longo das semanas, pude acompanhar pelas atividades do caderno e pelos temas de casa (nas duas línguas), essas atividades que estavam acontecendo tanto na língua materna (português) como na língua inglesa. Eram atividades diferentes, mas todas complementares.

Caderno de observações

Além dessas atividades, cada aluno plantou uma semente em um copo, e pode, ao longo dos dias documentar em um caderno de observações, as fases da germinação. Escreveram hipóteses sobre a sua planta, cada pequena alteração, o número de folhas, o aspecto das raízes, o tamanho do caule. Inclusive, registraram aquilo que não estava saindo como esperado. Cada página era um registro. E em uma dessas páginas tinha também o registro em inglês. Afinal de contas, o projeto, a pesquisa, era da turma e a turma aprende NAS DUAS LÍNGUAS.

E como a professora e a teacher avaliam os alunos?

Tanto a profe como a teacher avaliam os alunos tanto na questão do conhecimento do assunto quanto na questão da língua. Elas podem ter objetivos iguais e objetivos específicos que avaliam os alunos, e é isso que eu sempre tento mostrar para os alunos das aulas de pós-graduação. Quando a escola é bilíngue e pensa o projeto de forma conjunta, a avaliação também é pensada junta.


PARA REFLETIR !


Assim como um sujeito bilíngue não é aquele que sabe TUDO igual nas duas línguas, em uma escola bilíngue os alunos não irão aprender TUDO EM DOBRO. A gente aprende a língua com o propósito de poder nos comunicarmos, de sermos compreendidos e compreender os outros.

Em sala de aula bilíngue, as crianças irão aprender A língua e ATRAVÉS da língua aquilo que for fazendo sentido nos projetos que desenvolverão. Por isso, não dá para pedir que nos traduzam tudo, que nos expliquem tudo, porque pode ser que algumas coisas, eles aprenderam em uma das línguas ou aprenderam nas duas, mas de forma diferente.

A riqueza de uma escola bilíngue é essa, é de ver os nossos filhos, aprendendo sobre a vida,
sobre o mundo, sobre tudo que puderem em duas línguas. Não é aprender só a língua, é
aprender em mais de uma língua.


Com carinho,
Aline Jaeger (@maebilingue)

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