Leitura literária em Língua Inglesa

Considerando que a escola é um espaço privilegiado para a formação de leitores – pelo acesso aos livros, pelo tempo de permanência diária no ambiente, pela presença de diversos potenciais leitores, pela possibilidade das conversas literárias, entre outros motivos – torna-se premente transformar as práticas escolares, ressignificando as atividades de leitura. (MARCONDES, 2021, p. 79).
Muito se discute no âmbito acadêmico sobre a importância da leitura literária nos diversos contextos de ensino e aprendizagem. Na citação acima, Marcondes (2021) aborda essa discussão no âmbito escolar, especificamente, chamando nossa atenção para a necessidade de ressignificarmos as atividades de leitura. Em um contexto de educação bilíngue, outra camada é acrescida à discussão: as múltiplas línguas que transitam no currículo e que devem, também, ser contempladas nas práticas de leitura.
Documentos oficiais que norteiam os fazeres pedagógicos no Brasi, como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), discutem o objetivo que devemos ter ao trabalhar com a leitura literária em sala de aula.
Para que a função utilitária da literatura – e da arte em geral – possa dar lugar à sua dimensão humanizadora, transformadora e mobilizadora, é preciso supor – e, portanto, garantir a formação de – um leitor-fruidor, ou seja, de um sujeito que seja capaz de se implicar na leitura dos textos, de “desvendar” suas múltiplas camadas de sentido, de responder às suas demandas e de firmar pactos de leitura. (BRASIL, 2018, p 138).
Pensando na reflexão que a BNCC nos traz e nas especificidades das línguas que transitam em um currículo bilíngue, é necessário que o trabalho com a leitura literária nas diferentes línguas não seja reduzido apenas a temáticas, léxicos e/ou estruturas. Precisamos trabalhar a partir de uma perspectiva dialógica, possibilitando aos alunos um papel ativo na (co)construção de conhecimento e na (inter)ação com o que está sendo lido (MARCONDES, 2021).
Nos 5os e 6os anos da IENH, a leitura literária em língua inglesa é incentivada e ocorre em diferentes momentos. Ao longo do ano, idas sistemáticas à biblioteca são oportunizadas para os alunos em um período semanal dedicado à leitura, contação de histórias e retirada de diferentes obras – o acervo da biblioteca conta com as três línguas que circulam no currículo: português, inglês e espanhol. Durante a semana literária, inicia-se a atividade de leitura literária em língua inglesa do primeiro trimestre, na qual os alunos são convidados a ler um dos títulos disponíveis na biblioteca (dentre opções que são fornecidas previamente pela teacher) e a compartilhar suas percepções sobre a obra.
No terceiro trimestre, ocorre a leitura literária coletiva, na qual todos os alunos fazem a leitura de um mesmo título a partir das propostas pedagógicas organizadas pela teacher. Muitas vezes, o trabalho com a leitura coletiva ocorre de forma integrada, fazendo com que outros componentes e/ou línguas também estejam envolvidos nas reflexões e propostas sobre o livro – tornando a prática ainda mais significativa.
Vale ressaltar que ao pensar em um livro literário na língua adicional – como a língua inglesa em nosso caso – alguns cuidados precisam ser tomados para que os alunos possam se envolver ativamente com o processo:
- Escolha de um título que tenha temática relevante para o grupo: assim, os alunos têm mais repertório para (inter)agir e relacionar a obra a suas realidades;
- Escolha de um título adequado à faixa etária e ao desenvolvimento da língua inglesa em que os alunos se encontram: é importante que a obra possa ampliar o repertório linguístico dos alunos, mas, ao mesmo tempo, esteja dentro do escopo de compreensão para que consigam lê-la de forma autônoma;
- Realização de atividades que possam ir além da interpretação e discussão sobre elementos linguísticos: pensar em dinâmicas nas quais os alunos possam pensar a obra criticamente e relacioná-la a sua realidade e suas vivências é essencial para que a turma possa se conectar com a(s) história(s).
A leitura traz muitos benefícios, seja a nível das competências cognitivas e linguísticas, seja a nível da amplificação e aprofundamento da concepção de mundo, seja ainda a nível do desenvolvimento humano, emocional, intelectual e social (MENEZES, 2010; SILVEIRA, 2014; YOPP; YOPP, 2014). Incentivar as crianças a lerem, nas mais diversas línguas que conhecem, amplia suas visões de mundo e contribui para seu desenvolvimento.
Quem lê, vê mais; quem lê, sonha mais; quem lê, decide melhor; quem lê, governa
melhor; quem lê, escreve melhor. Poucos são os atos que valorizamos e que praticamos que não possam ser melhorados com mais leitura. (Carlos Ceia)
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018.
MARCONDES, V. M. A leitura literária em contextos bi/multilíngues. In: MEGALE, A. (org.). Educação Bilíngue: como fazer?. São Paulo:Fundação Santillana, 2021. v. 3
MENEZES, I. Hábitos de leitura de alunos dos 2º e 3º ciclos do ensino básico e impacto na aprendizagem: concepções de alunos, professores e professores bibliotecários. Dissertação de mestrado apresentada à Universidade Aberta, 2010.
SILVEIRA, T. Cérebro e leitura: fundamentos neurocognitivos para a compreensão do
comportamento leitor no processo educativo. Lema d’Origem, 2014.
YOPP, H. K.; YOPP, R. H. Literature-based reading activities: engaging students with literary and informational text. Boston: Pearson, 2014.
